Berlin é um choque. Um crime. Uma heresia. Cheguei por volta das 15:30. Desembarquei em um aeroporto pequeno e encardido. Precisava ir para o hotel. Deixei minhas malas no quarto e fui dar uma volta pela Frankfurter Allee. Eu, que já me sentia sozinha… sentei e chorei ali mesmo, no meio da rua. A cidade, com seus prédios imensos e com seu excesso de cinza, me deu um tapa na cara. Estava cansada devido aos muitos minutos voando. Achei melhor dormir.
No dia seguinte, precisava acordar cedo para acompanhar o guia. Engoli algumas fatias de bacon (pois é), tomei meu suco de laranja e vesti meu maior casaco. Os termômetros marcavam 2 graus, chovia muito. O rapaz nos levou até um campo de concentração chamado Sachsenhausen (parada obrigatória para mochileiros e turistas). Confesso que sou um pouco obcecada pela história do nazismo, e fiquei animadíssima com o passeio. O lugar é característico: atmosfera pesada, cheiro de morte e de sofrimento por todos os cantos. Fazia MUITO frio. Preferia não tirar as mãos dos bolsos.
Um terreno vazio, alguns monumentos e “barracas” de tortura. O cenário era este. A experiência é profunda e silenciosa. Contemplar é a regra. Após esta visita, transitamos por inúmeros pontos históricos. O mergulho no passado é inevitável. Na verdade, Berlin é um lugar decadente. É óbvio que não podemos ignorar seu valor, mas as tentativas de fusão entre o que a cidade é e o que a cidade foi deixam a capital com um ar depressivo.
A arte urbana está presente em todos os bairros, mas um deles exalta esta característica com mais força: Mitte. Por lá, conhecemos a Galeria Tacheles. O interior do edifício lembra um pouco o Sarajevo, na Augusta. Acho que nunca estive em um local tão interessante e enriquecedor. Artistas se apresentam e vendem seus trabalhos dentro de pequenas salas. A estrutura também conta com um bar bem divertido (hipsters gonna love it). A prefeitura quer derrubar o prédio.
Berlin é, de fato, uma cidade que respeita suas raízes e sua diversidade. Abra sua cabeça e explore o entorno cuidadosamente. 😉