De mãos dadas

Entender propósitos
Encontros
Situações e momentos
É tarefa impossível

Pessoas são trazidas
Pelo vento
Quanto mais elas aparecem
Mais me convenço

De que o surgimento delas
Não passa de uma lição
A cada perda um gosto amargo
A cada ganho uma conclusão

Mas eu queria
Que alguém passasse
Pra ficar
Pra me abraçar

Queria que alguém viesse
E me ensinasse
Me fizesse crescer
Sem soltar minha mão

Minha onda

Seus olhos
Quando cruzam os meus
Queimam a alma
Derretem o tempo

O mundo fica paralisado
Para assistir
Isso que não sabemos o nome
Isso que queremos querer

Gosto de sentir sua pele
Encostando na minha
De te ver andando sem roupa
Gosto de gostar de você

Mas o perigo existe
O risco é presente
Tenho medo de continuar
De te descobrir ausente

Café

O silêncio é o silêncio
Acreditem ou não, ele fala
Fala com as palavras
Que estão rabiscadas em meus olhos

O silêncio espera
Ele é a prudência
Daqueles que não querem errar
Ao abrir a boca

Eu prefiro errar, falar, gritar
Mas tudo isso em silêncio
Na quietude de quem chora
Com a cara no travesseiro

Onde eu penso que vou?
Eu nem queria ir mais
Vou deixar o silêncio
Dizer o que quer

Vou soltar sua mão
Devagar, de forma suave
E ocupar as minhas
Com um copo de café.

Dança de um só

Eu ainda queria acreditar que vou encontrar alguém cheio de paz, amor e dedicação para me oferecer. Eu queria acreditar, porque eu sempre fiz questão de me doar. No trabalho, no amor principalmente. Eu esperei tanto, selecionei tanto e errei outro tanto. Selecionei com meu dedo podre, como já diria uma grande amiga. Agora, de novo, me vejo despencando do velho e conhecido abismo. Na verdade, queria desacreditar, deixar para trás as coisas nas quais acredito. Elas nunca me levaram à nada, eu estou errada e tudo isso é falso. Ontem vimos a lua… ela estava linda e mais dourada do que nunca. Confesso que tive medo ao observá-la fixamente. Parecia que ela queria me contar algo… e contou. Eu fingi não entender. É o mesmo erro… o mesmo ciclo acontecendo bem diante dos meus olhos. Mais uma vez não consigo dormir, mais uma vez estou aqui me lamentando do erro repetido de sempre. E não, não vou fazer nada. Não há o que ser feito. As coisas são o que são. E eu pedi… pedi pra alguma força superior o fim antes do pior. Fui atendida. Promessas, palavras, momentos… subjetividade. Desta vez, não estou fazendo poesia. Não estou tentando escrever bonito ou encontrar palavras elegantes para sentimentos indefinidos. Só escrevo o que é. A verdade em preto e vermelho. Eu quis tentar do meu jeito… pensei que ele fosse bonito. Minha mãe sempre disse que era. Foi o que ela fez a vida toda, e a vida dela deu certo. A minha nunca foi muito certa… sempre fiz drama, chorei quando não quis e bati o pé quando quis. É que de repente me vi tocada. E de repente vi que era mentira. Não conte histórias, não se justifique, o final está aí e não tenho porque condenar certas coisas. Confesso, eu mesma estou cansada do meu prolixo e interminável blá blá blá… mas a cada palavra escrita, uma ferida é fechada. Estou tentando não escrever um pergaminho. Mas está aí, está aí. Sou burra, estúpida, idiota e imbecil. Não me deixo em paz, não abro mão do sofrimento. O que me mortifica é o meu estado. Não ouço o que me dizem, não consigo me concentrar, não presto atenção no trânsito. Vivo como uma morta… e me recolherei até parar de sangrar. De novo.