Pólo Norte, Pólo Sul

Esquerda ou direita
Arroz ou feijão
A gente é assim
Não combina, não

Mas será que só eu
Sinto a pele arrepiar
Quando te vejo
Quero te tocar

Sei que passa
Que tudo é arrastado
Que o relógio vai levar
Tudo vai embora

Mas por enquanto
É tatuagem
É cheiro
É sua pele

Tudo diferente
Tudo igual
Descombinando
E combinando

Em meio aos lençóis
O que é dois vira um
Você sou eu
E o que era diferente
Vira atração.

Tudo igual

Sempre acordou por volta das 8:00 da manhã. Tomava seu café, olhando para a cara de sua mãe. Ela lhe impunha respeito, possuía feições duras e ríspidas. Na verdade, o conjunto da obra lhe dava medo. Feito isso, sentava em seu carro e dirigia até seu trabalho. O trânsito empoeirado da cidade lhe dava nojo, e ia tossindo seus rancores até o destino final. Chegando no trabalho, antes de descer de seu carro, típico de classe média, passava a mão no rosto e respirava fundo. Era uma espécie de ritual, algo que não podia faltar para começar o dia. Pegava sua sacola alaranjada, com algumas bugigangas, e subia até o segundo andar. Avistava sua cadeira cinza de apenas duas rodinhas (as outras estavam quebradas), sentava-se, e ligava o computador. Nas horas vagas, escrevia crônicas. Seu maior medo era se tornar uma pessoa mediana. Alguém como eu, ou como você.

Pessoas

Pessoas, pessoas.
São muitas por aí.
Andam, dirigem, comem.
Enjoam. Enojam.
No espelho, a mesma cara todo dia.
Todo dia, a mesma cara no espelho.
Queria ser um ventilador.
Que gira, gira, gira…
Sem propósito.
Com propriedade.
Pessoas, pessoas.
Muita pressa.
Muita roupa.
Muito trabalho.
Pouca luz.

*Algumas vezes, neste blog, farei um TOP 5 de pessoas, mesmo que elas não vejam nada disso. As de hoje são: Lilian, Brunão, Maiara, Eric (que sempre vem aqui dar uma força), e Rê.