Fui boa filha
Boa aluna
Boa funcionária
Ótima namorada
Grande piadista
Exímia motorista
Fui até artista
Me traíram
Subestimaram
Enganaram
Desrespeitaram
Perdoei
Aí um dia
Eu errei
Menti
Estraguei
Perdão?
Não tem
E eu?
Ah!
Eu cansei.
rota
Quantas vezes ainda vou cruzar o país
Pra endireitar teu sorriso torto?
Quantos dias ainda vou riscar
Esperando você chegar?
Sei lá quando foi
Não sei como fui
Seu coração é meu lugar
Não tem estado mais feliz
É sempre ali que vou estar
Basta olhar pra ele
Pra gente se encontrar
gentes
Tem gente que vem pra arrancar
Aquilo que a gente nem sabe que tem:
Dores, valores, amores e sabores
Também tem gente que vem pra dizer
Coisas que a gente ainda nem sabe ouvir:
Verdades, mentiras e poesias vazias
Tem gente que vem pra (re) organizar:
a sala, a cozinha, o quarto e o coração
Que não venha mais ninguém…
É você que eu queria ver ficar
Comigo
No domingo
Em qualquer outro lugar.
sobras
O que sobrou daquela maluca?
Passei muito tempo fazendo coisas que nunca entendi.
Fui á festas que duravam três dias só para acompanhar babacas que não me davam atenção.
Tomei porres por estar feliz. Tomei porres por estar triste. Tomei porres porque era o que me mandavam fazer.
Fui de carro, quando deveria ter ido de metrô.
Ganhei dinheiro. Perdi dinheiro.
Vesti amor. Aceitei amor. Pedi amor.
Beijei o que se foi. Abracei o que poderia ter sido.
O que a gente sabe da vida? E o que a vida sabe da gente?
Sei que pra acalmar as urgências, só papel e caneta
Escrevo pra mim
E acabo me perdoando
Letra após letra.
kms
Arte é o que acontece quando vejo você dormindo
Arte é a pintinha desenhada no teu pescoço
Arte é o que acontece quando você vem comigo
Delícia é poder te ter novo
Da gente a gente sabe
Perdoa meus entraves
Busca aquele beijo
Diz que em ti nem cabe
Pro coração nem é tão longe
Ando junto todo o tempo
De quem me faz bem como o mar
De quem me faz leve como vento
11:51
Eu não preciso de pretexto
Se não vira, vira texto
Se vira, arranca a página
Um coração em trânsito
A vida toda no vermelho
A lição se repete
11:51
Tá na hora de parar
Devagar
De repente, me vi fora da tempestade. Agora, de longe, observo o furacão e reconheço sua força. Mas ele não me assusta mais: até a natureza sabe a hora de parar. Uma chuva mansa toma conta do meu (e só meu) cenário. Acompanho gota por gota e aprendo muito com o pinga-escorre incessante na janela – paciência. Entre os escombros, o suficiente para reconstruir o que se perdeu. Várias surpresas. Carrego uma certeza estranha, a certeza de que vai acontecer de novo. Já está acontecendo.
Pra quem tem o coração cheio de coragem, o que é mais um arranhão? Mais uma queda? Medo não cabe aqui. Nunca coube. A solidão é uma trip muito louca e, no meio da viagem, acabei entendendo que antes de descobrir a senha do wi-fi preciso entender qual tipo de conexão quero ter. Se é que esse lance de conexão realmente existe, né? Só acredito no que posso ver – tocar – lamber – morder – irritar.
Esse papo de auto-suficiência pode ser uma chatice, é verdade. Todo mundo precisa de algo pra venerar. Todo mundo quer ter para onde correr. Se você não tem, vá correr no parque. Ande por aí, mas não encha o saco dos outros. Fale menos, escreva mais. O vazio acaba se transformando em paz. Garanto.
verão
Tenho uma vida diferente, gosto dos meus amigos novos. Refiz o que foi destruído, mas algo continua quebrado. Ainda quero te levar para uma viagem por estradas bonitas.
de pé
Você não vai encontrar
nunca esteve
Eu quis que você fosse um pouco de mim
Achei que me aceitava
No espaço de tempo entre acordar e dormir
Por muito tempo, acreditei que voltava
Mas não é justo, sabe?
Hoje sou mais minha
Não dou tempo pra chorar
Não tenho tempo pra ficar sozinha
Sozinha, só quando você me visita
Entra, toma café, bate-papo
Mas a verdade
A verdade é que você nunca esteve ali
Nem ali, nem aí.
Você precisa fazer login para comentar.